Joseph Pilates foi uma criança asmática, por conta desse fato, que alterava sua capacidade física, desenvolveu um método onde a RESPIRAÇÃO é a protagonista.
Não existe método Pilates sem uma respiração consciente e adequada ao movimento que será executado e ao objetivo que se quer com aquele exercício. Apesar disso ser o principio básico do método, um dos seus pilares, encontramos muitos alunos que nos dizem que NUNCA tiveram nenhum direcionamento de executar a respiração apropriada com o exercício. E nos vem o questionamento: Por quê? Será que por ser a respiração algo tão corriqueiro, tão automático, deixamos de dar a verdadeira importância? Será desconhecimento do instrutor de Pilates que não foi educado nos princípios básicos do método? Ou será que o instrutor e o aluno desvalorizam essa ferramenta preciosa na execução do movimento eficiente? Sei que esse tema já foi muito abordado, porém como ele tem sido muito esquecido e relegado senti a necessidade de abordá-lo novamente.
A respiração é o nosso primeiro ATO de vida e será nosso último. Por conta disso ela pertence ao Sistema Autônomo, ou seja, não precisamos pensar para respirar, nosso corpo sabe quando inspirar e expirar, porém ela é afetada e alterada por vários fatores, daremos alguns exemplos:
- Emocionais
- Movimento
- Altitude
- Posturais
- Deglutição
- Fala
Emocionais: quando estamos ansiosos e tensos nossa respiração fica mais apical, superficial e rápida. Quando estamos mais relaxados nossa respiração fica mais profunda e lenta. Se estamos apaixonados, suspiramos.
Movimento: se estamos praticando um esporte como a corrida, por exemplo, a nossa frequência respiratória irá aumentar, ou seja, respiraremos mais rápido. Para um bailarino a inspiração vai auxiliá-lo na suspensão dos saltos, a expiração no amortecimento da queda. Para um lutador ele vai utilizar a respiração para ter o efeito do golpe que deseja aplicar. Ou seja, a respiração apoia o movimento que queremos executar e é estimulada por ele.
Altitude: se estamos numa altitude maior teremos menor capacidade respiratória
Posturais: conforme a atitude em que nos colocamos teremos um posicionamento do músculo Diafragma e isso afetará a nossa capacidade respiratória. Uma pessoa com uma hipercifose e anteriorização de cabeça , por exemplo, terá seu diafragma mais para abaixo e com pouca mobilidade da caixa torácica, limitando a capacidade respiratória
Deglutição: para comer, deglutir precisamos de um sistema que permita que a comida não vá para o pulmão ao mesmo tempo que continuemos respirando
Fala: o ar que entra com a respiração faz vibrar as cordas vocais produzindo o som. Um ator ou cantor sabe que precisa trabalhar sua respiração para poder estar atuando ou cantando por um longo tempo, ou até para dar uma boa entonação para sua fala ou alcançar uma nota específica no seu canto.
Descrevi essas questões para dar um panorama do quanto à respiração é importante nas nossas vidas, mas ela é tão natural e automática que esquecemos de todas suas funções . Temos consciência da sua função circulatória de levar oxigênio aos tecidos e mantê-los vivos mas ela vai muito além disso.
E no método Pilates? No método Pilates a respiração é consciente, ou seja voluntária. Pensamos em como respirar e em qual momento iremos utilizar a respiração, para qual movimento e qual a finalidade. Além disso, através da respiração iremos ativar outro conceito básico do método – o POWER HOUSE. Sem o apoio da respiração consciente onde a inspiração é suave e a expiração é profunda, estimulando a musculatura abdominal que é acessória expiratória, não conseguimos ativar com toda eficiência o POWER HOUSE. Portanto, esses dois conceitos se complementam e se apoiam. Temos que ter em mente que a respiração coloca em jogo dois compartimentos fundamentais: a caixa torácica e a caixa abdominal, que são separadas pelo músculo DIAFRAGMA. Apesar de separados, esses dois compartimentos sofrem influência um do outro e essas influências vão alterar a respiração. Esses dois compartimentos são chaves para a execução do conceito POWER HOUSE. Também no método Pilates a respiração nos apoia na execução do movimento, por exemplo: para realizarmos uma flexão de coluna como no ROLL UP é necessário expirar, a expiração facilitará o movimento. Já para realizar uma extensão de coluna como o SWANN é necessário inspirar para criar mobilidade no gradil costal e realizar a extensão no segmento vertebral que tem mais dificuldade, que é a região torácica. Se desejamos realizar uma torção podemos expirar para aprofundar a torção ao mesmo tempo que realizamos uma descompressão com a ativação do POWER HOUSE. Para realizar o TEASER temos que expirar para conseguir a estabilidade que esse exercício desafia. Novamente: sem o apoio da respiração e do conceito de POWER HOUSE não há execução de movimento eficiente e quanto mais avançado os exercícios no método Pilates mais recrutamento do POWER HOUSE e maior controle e consciência da respiração.
Ultimamente temos presenciado nas mídias sociais várias execuções mirabolantes nos aparelhos de Pilates sem o estímulo do principio respiração e Power House. Isso é muito sério porque o leigo assiste essas postagens e acredita que o método é baseado em força e pode executar os movimentos com a manobra de Valsava, que apoia um movimento de carga excessiva com muita pressão mas não os movimentos do método Pilates que são coordenados e fluidos.
Tentei descrever tudo isso de uma forma breve, mas para entender que a respiração é muito importante para nossas vidas, ela é base da vida e a base do movimento e sem ela o método Pilates não teria o sucesso que alcançou no mundo todo.
E você? Como tem respirado? Seus alunos conseguem coordenar respiração com o movimento e são estimulados por isso? Ou apenas querem realizar força, gostam do conceito No Pain, no Gain? Conte para a gente a sua experiência com a respiração no método Pilates.
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